Poema: BELO MONTE

DOI: 10.33009/amazonia2021.11.9

belo monte

Parede gigante de concreto de Belo Monte. As escavadeiras parecem miniaturas na escala da foto

Canteiro de obras da hidrelétrica de Belo Monte. (Anderson Barbosa/ Amazônia Latitude).

ó ruy
o rio
outrora rua
agora
é lago lacônico
Laico laic laico

peixes naufragados
peraus apodrecidos
sonhos assoreados

o ser o ir-se
agora represado
dilúvio ordenado
por um deus
que esconjura
o segredo e o sagrado

não mais ó musa
proas & quilhas
luas de escamas
sóis líquidos
piracemas

ó ruy
(quem ouvira o que havias vaticinado?)
o rio
outrora rei arredio
agora arruinado
(tempo interrompido)
segue
qual sangue
ex
cor correndo

Clei Souza é poeta, contista, artista visual, professor, produtos e letrista. Autor dos livros Úmido (2012), Poema Pássaro e outros versos migratórios (2012), entre outros contos e poemas.

 

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