Cúpula do Clima: a Insustentável Leveza do Ser Sustentável

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Passada a festa político-midiática da Cúpula do Clima, convocada pelo Presidente Joe Biden, em 22 e 23 de abril de 2021, é hora de avaliarmos o que se passou. Antes de tudo, contexto. Estamos num momento de bifurcação histórica que alguns vêm chamando de caos sistêmico (Imannuel Wallerstein e Giovani Arrighi), e outros, de crise do padrão de poder e de saber (Aníbal Quijano) que nos governa desde 1492.

Estamos, pois, diante de uma crise civilizatória, e não somente de uma crise do capitalismo, ainda que essa civilização em caos sistêmico tenha tido nesse sistema um dos seus pilares. Esses períodos indicam que as hegemonias que marcam a ordem mundial em caos sistêmico estão em questão. É nesse contexto que devemos entender a iniciativa do governo estadunidense.

A recente Cúpula do Clima foi uma verdadeira jogada de mestre do atual hegemon, os EUA, o que mais tem a perder nesse caos sistêmico que vivemos. Essa iniciativa é a outra face do Deep State que, até recentemente, buscou afirmar-se com outra estratégia política, com Donald Trump. Ou alguém tem dúvida de que ambos governos têm o mesmo horizonte estratégico inscrito no slogan American First? Afinal, o Deep State é o guardião dessa hegemonia por meio da lógica territorialista (T-T’) que oferece garantias à lógica capitalista (D-D’), conforme os conceitos da teoria do sistema mundo de Giovani Arrighi.

O próprio ziguezague da política estadunidense é um indicador do caos sistêmico que já olha a China (e a Rússia) pelo retrovisor, e já em condição de ultrapassagem. Isso torna o mundo em tensão permanente.

Desde os inícios do século XX, os EUA pouco a pouco afirmaram sua hegemonia mundial, ainda que encontrando no pós-guerra um forte rival, a URSS. Nos anos 1970, os EUA tomaram duas medidas que terão consequências tão marcantes como imprevisíveis. A primeira diz respeito à ruptura unilateral do contrato (Bretton Woods) estabelecido logo depois da Segunda Guerra e impondo a sua moeda nacional, o dólar, como moeda mundial. Não se faz isso sem estar ancorado num poder de facto, enfim, no poder militar, naquele então incontestável.

A segunda medida foi a aproximação com a China comunista, com a visita de Nixon a Pequim, aproveitando-se da divergência sino-soviética dos anos 1960. Assim, o projeto nacionalista estadunidense se mostrou flexível ideologicamente, sendo capaz até mesmo de se aliar a comunistas, desde que para afirmar o American First.

Do ponto de vista estadunidense, os efeitos positivos dessas medidas puderam ser sentidos com a queda da URSS, entre 1989-1991. Desde então, os EUA agiram, mais uma vez, de modo unilateral, acreditando que finalmente teríamos alcançado o fim da história (Fukuyama) e a vitória do Destino Manifesto. Não estava em seus cálculos que as facilidades econômicas e comerciais oferecidas à China pudessem fortalecer certas correntes nacional-desenvolvimentistas dentro do Partido Comunista chinês. Estas souberam honrar as melhores tradições de uma burocracia tão eficiente como centralizadora, que mergulha na história de longa duração daquela país.

Desde finais dos anos 1990, e principalmente no início do século XXI, para surpresa geral, a China despontaria como uma das principais economias do mundo, com suas taxas exponenciais de crescimento de dois dígitos diante de tímidas taxas de crescimento dos países capitalistas do mundo ocidental.

Registre-se que todas as grandes corporações industriais do mundo ocidental aceitaram o convite dos gestores do Partido Comunista Chinês e para ali levaram suas plantas industriais. Os produtos made in China invadiram o mundo.

Registre-se, ainda, que desde o fim da Segunda Guerra os EUA conseguiram finalmente superar a profunda crise a que estiveram submetidos desde 1929, colocando a poderosa máquina industrial desenvolvida durante a guerra a serviço de um capitalismo de inspiração fordista por meio do seu modo de vida, o American way of life.

Os meios de comunicação de massa se encarregariam aí de estimular, na televisão e em Hollywood, o “baú da felicidade” (Silvio Santos), com o desenvolvimento de uma subjetividade capitalística, nas palavras de Felix Guattari.

Desde então, assistimos a um profundo processo de desterritorialização de camponeses e de povos originários, com a população urbana do planeta tendo superado a população rural entre 1960 e 2015, com a revolução verde. E do que mais tarde seria chamado de agribusiness.

Esse novo modo de distribuição da população rural-urbana implicou enormes transformações metabólicas. Com maior proporção da população concentrada em ambiente urbano, onde a produção de alimentos é limitada, a satisfação dessas populações passou a ser suprida com uma revolução nas relações sociais e de poder por meio da tecnologia, com amplo uso de máquinas movidas a combustíveis fósseis — matéria orgânica fotossintetizada há milhões de anos, portanto, do Sol de ontem com seus equivalentes de cavalo horsepower.

Assim, não mais uma agricultura com base na tração animal e com mão de obra intensiva, que se baseava no Sol (fotossíntese) nosso de cada dia. Com a expulsão de camponeses e de povos originários, a produção de alimentos caiu sob o poder das grandes corporações agroindustriais. Pouco a pouco, estas vão transformar os muitos modos diferentes de comer num regime alimentar padronizado em escala planetária, impondo seus alimentos industrialmente processados e subjetivamente embalados [1] com o auxílio dos grandes meios de comunicação, que farão, por exemplo, com que o leite industrializado, em pó, seja mais atrativo que o leite naturalmente produzido pelas mães.

Desde a Segunda Guerra, demandamos mais matéria e energia do planeta do que em qualquer outro período da história da aventura humana no planeta. Essa demanda foi de tal ordem que passamos a admitir que vivemos um novo período da história geológica do planeta que se expressa na controvérsia entre o Antropoceno ou Capitaloceno.

Ou seja, entramos em um período geológico em que a espécie humana teria se transformado num agente geológico, para alguns, em função do regime societário que se impôs com a revolução fossilista trazida com o capitalismo, ainda que reproduzida pelo socialismo realmente existente da ex-URSS e pela atual China.

Pouco antes da queda do muro de Berlin e da debacle da URSS, no fim dos anos 1980, novos personagens entraram em cena, denunciando a devastação ambiental a partir de um outro lugar geográfico e social: os povos originários e camponeses do chamado Sul global, o que ensejaria o ecologismo popular, um novo tipo, segundo o economista catalão Juan Martinez Allier.

O poderoso efeito ético-político desses movimentos que lutavam contra a desterritorialização de seus espaços de vida foi de tal ordem — vide a consciência da devastação que elevou o Planeta Terra à condição de Personalidade do Ano pela Revista Time, em 1988, e instigou a convocação de uma conferência mundial para debater a questão — que levou, pela primeira vez, uma conferência global da ONU para fora dos centros geopolíticos do mundo, no Rio de Janeiro, em 1992.

As sucessivas denúncias da queima da floresta amazônica na imprensa mundial e a repercussão do assassinato de Chico Mendes em 22 de dezembro de 1988 contribuíram para isso. Naquele contexto, os EUA e suas corporações não gozavam de grande prestígio diante da problemática ambiental, que ainda tinha na crítica ao consumismo um de seus pilares.

E não foram poucos os presidentes daquele país a dizer que o modo de vida americano não era negociável. Sua matriz energética fossilista não era somente uma matriz energética, haja vista que dava sustentação à sua hegemonia tecnológica fundada nos motores a explosão e nos poderosos trustes do carvão, gás e petróleo.

Não se pode mudar a matriz energética com base na mesma matriz tecnológica, isso atormentava as grandes corporações industriais-financeiras, que estavam diante de perspectivas altamente promissoras justamente com a queda do muro de Berlin e do fim da história (sic).

Afinal, se o capitalismo até então se sentia ameaçado pelo comunismo a ponto de ceder a muitas das reivindicações dos trabalhadores, como se viu com na social democracia da Europa Ocidental, com a queda do muro e da URSS, o mundo estaria livre.

As grandes vítimas foram, como alertou o historiador egípcio-britânico Eric Hobsbawn, os direitos sociais, o estado de bem-estar social e o próprio horizonte político socialista. Nos anos 1990, a ideologia neoliberal se impôs em detrimento das ideologias de cunho social em suas diferentes vertentes, como a social democracia, o socialismo e comunismo. Ao final da década emergiria esse oxímoro que é a China, sobre cuja natureza, capitalista ou socialista, os cientistas políticos debatem.

Como não poderia deixar de ser, com as exponenciais taxas de crescimento da China, a produção de mercadorias explode e, com ela, a demanda de matéria e energia, aprofundando o colapso ecológico que já vinha se delineando com a Grande Aceleração dos anos pós-guerra e a propagação do American way of life.

Desde a Conferência da ONU sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento de 1992, a Rio 92, que a agenda ecológica mudou. O baby boom, ou a explosão demográfica que fizera parte do terrorismo ideológico nos anos 1950, já não podia mais ser apontado como sua causa principal da limitação do crescimento, embora se atribuísse malthuseanamente ao fenômeno a pressão sobre os “recursos naturais”. Isto porque já se observava a queda das taxas de crescimento demográfico por todo lado.

Uma nova noção, a de Desenvolvimento Sustentável, surgida numa comissão diplomática, a Comissão Brundtland, tornou-se uma espécie de nova lei de Lavoisier: na natureza nada se perde, tudo se transforma em Desenvolvimento Sustentável, em Sustentabilidade. Sem, no entanto, que se perguntasse sobre o que nos teria levado à insustentabilidade iminente.

Permita-nos sublinhar o caráter diplomático dessa Comissão técnica da ONU, dirigida pela primeira ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtlnad, que apresentou seu Relatório Nosso Futuro Comum em 1987. Como é da natureza do campo diplomático, evitar guerras é seu ofício, daí a polidez da linguagem. E a noção de Desenvolvimento Sustentável talvez seja a maior contribuição que a diplomacia tenha oferecido ao mundo ao ressignificar o conceito de Desenvolvimento, que estava sob fortes críticas desde os anos 1960 por suas relações epistemologicamente íntimas com o conceito de crescimento — que aparentemente nega, mas que pressupõe.

Afinal, não há desenvolvimento sem crescimento sob o capitalismo e a modernidade colonial que o sustém, ideologia que afeta até mesmo muitos que se apresentam como seus críticos. Tanto os apologistas do capitalismo como as principais correntes socialistas que se dizem críticas aceitam o desenvolvimento, desde que seja sustentável. E mergulhamos na insustentável leveza do ser sustentável, parafraseando Milan Kundera.

Promessas

Eis que nos vemos diante da mesma aporia do pós-guerra com sua Revolução Verde, agora com a Cúpula do Clima, onde a Sustentabilidade passa a reinar absoluta e, mais uma vez, promete o que não pode realizar. Tudo parece indicar que os mesmos poderes que nos levaram à insustentabilidade teriam se convertido, depois de muitos investimentos, em protagonistas da sustentabilidade.

Já teriam dominado a chave tecnológica da transição energética, agora não mais com os motores a explosão à base de fósseis, mas sim com novas fontes de energia. Sublinhemos que as revoluções tecnológicas não são externas às relações sociais e de poder, mas parte delas. E é diante disso que estamos e é o que está subjacente à Cúpula do Clima.

Tudo indica que estamos na iminência de um novo ciclo longo de Kondratiev, que abriria um novo período longo de acumulação para o que uma revolução nas relações sociais e de poder por meio da tecnologia parece se mostrar no horizonte. Mas, atenção, tal como no romance Il Gattopardo, de Giuseppe Tomasi di Lampedusa, “tudo deve mudar para que tudo fique como está”.

Nada melhor para expressar essa continuidade do que o destaque que os meios de comunicação empresariais, a Grande Mídia, vêm dando ao novo deus ex machina, o carro elétrico. Chega a ser ofensivo que, num momento de tanta miséria e calamidade sanitária em meio à pandemia, se apresente no horizonte político o automóvel como símbolo da transição energética sustentável. Como destaca o sociólogo Horacio Machado Aráoz:

”Em lugar de começar por outras prioridades, por setores econômicos realmente essenciais e necessidades vitais, a transição energética comandada pelas estruturas oligárquico-corporativas que projetam o mundo começam pelos automóveis” um “produto de luxo antissocial”, como dissera Andre Gorz.

O automóvel é, talvez, o melhor exemplo do que seja um bem oligárquico (Altvater, 1994). Ou seja, um bem que só tem sentido se for para poucos, pois se torna impraticável caso todos tenham um carro. Ou, para ser mais explícito, tomemos a observação de André Gorz quando nos alertou, há mais de 50 anos, que o socialismo não deve ser o projeto societário que vai dar para todos o que o capitalismo só oferece para poucos, como alguns afirmam. Se todos tiverem acesso ao automóvel, o que seria socializado seria o congestionamento. Horacio Machado Aráoz [2] é taxativo em sua crítica ao fato de se começar

com a massificação de algo que fora gestado “para o prazer exclusivo da minoria dos mais ricos” e não para a satisfação democrática, igualitária e universal de uma necessidade humana (e que) trouxe consigo o escalamento progressivo e até agora incontrolável deterioração generalizada de nosso hábitat. O automobilismo de massas consolidou uma ideologia burguesa ao mesmo tempo que foi deteriorando a qualidade do ar, das cidades e das relações sociais. “De objeto de luxo e fonte de privilégios, o carro passou a converter-se em objeto de uma necessidade vital: o supérfluo se tornou necessário (…) porque o universo passou a estar organizado em função do auto” (Aráoz, 2021).

Estudos atuais assinalam que os automóveis elétricos implicam um maior consumo de minerais na medida que para mudar para carro eléctrico o atual parque automotor mundial implicaria um aumento dos volumes de extração do lítio em 2.511 %; do cobalto em 1.928 %; do grafite em 264 %; do níquel em 118%, das terras raras em 100 %; do manganês em 135 % e do cobre em 35 % (In “Protagonismo de las materias primas minerales en el desarrollo del vehículo eléctrico”. Revista Economía Industrial N° 411, Madrid).

A ficção da eletromobilidade como solução para a crise climática e como transporte do futuro não resiste à menor análise porque, para começar, é incapaz de responder a uma pergunta elementar: para quantos e para quem está pensado esse mundo? Se trata de um artefato ideológico que esconde não só os verdadeiros custos ambientais que implicaria mudar o parque automotor hoje existente para veículos elétricos, como também por suas consequências humanitárias e sociais” (Aráoz, 2021).

Consideremos que, para o carro elétrico, o lítio se transforma numa matéria prima estratégica e, com isso, as populações que vivem nesses lugares ricos em lítio, como a Comunidade Indígena Atacameña del Altiplano, no Noroeste argentino, passam a viver momentos trágicos. É o que podemos observar no exemplo da exploração, há mais de 20 anos, do Salar del Hombre Muerto nas punas de Antofagasta de la Sierra, na mesma região da Argentina, pela mineradora norte-americana Livent (antiga FMC Co.), que mantém um acordo comercial com a BMW alemã para provisão de lítio.

Podemos dimensionar o efeito exterminista do padrão da eletromobilidade atualmente em gestação. Hoje, a empresa Livent consome 135 m³ de água por cada tonelada de lítio carbonatado que exporta; as 20.000 toneladas anuais de lítio custam 2.701.000 m³ de água. E se consideramos que a empresa projeta alcançar as 60.000 toneladas anuais nos próximos anos, isso significa triplicar a drenagem hídrica que efetua a empresa em uma região extremamente árida, onde a população nativa vive pela graça de haver aprendido a administrar a água escassamente disponível para a satisfação prioritária de suas necessidades vitais” (Machado Araoz, 2021).

Em um comunicado recente, a Comunidade Indígena Atacameña del Altiplano afirmou que “El agua vale más que el litio” e, assim, assinala que

Definir e dirimir o valor da água em relação ao valor do lítio é decidir quais vidas valem mais que outras; que vidas valem, a secas, e que vidas são sacrificáveis. O contrato entre a BMW e a Livent se faz à sombra da naturalização do abismal valor diferencial que, para esta sociedade hegemônica, há entre a vida de um alemão ou europeu (neste caso, não “médio”, mas sim bastante “superior” à média) e a de um/uma antofagastenha/o. Esse contrato sela esse diferencial do valor; assegura à BMW a provisão de lítio para seus automóveis de luxo, à custa da economia vital de um povo. Esse acordo deixa exposto o cinismo obsceno do “ecologismo” genocida que se vem gestando ao calor do capitalismo verde e da transição energética de mercado.

Epílogo

Durante os dois dias da Cúpula do Clima convocada pelo Sr. Biden, a Sustentabilidade reinou absoluta pelos salões e pela mídia, sendo usada por gregos e troianos, por Bolsonaro, por Putin, por Macron, por Xi Jinping, por Biden e outros líderes mundiais.

Na mídia, o grande destaque do novo mundo verde e sustentável foi o carro elétrico que, como vimos, não resiste a uma análise minimamente informada. Muitos, ainda perplexos por tudo que nos foi imposto pelo governo de Donald Trump, se veem aliviados com a retirada do bode da sala e não consideram que estamos em um momento de caos sistêmico, de uma crise civilizatória.

Uma crise de seu padrão de poder e de saber que nos governa há mais de 500 anos. E estamos diante de uma nova versão do American First. E mais, não se trata só de um debate sobre a transição energética ou de uma fonte alternativa de combustível, mas de uma questão central na disputa pelo controle político de outra matriz de poder por meio da tecnologia no novo horizonte de um novo ciclo longo de Kondratiev.

As mesmas grandes corporações da matriz tecnológica (e de poder) anterior com base nos fósseis se prepararam para controlar a nova matriz tecnológica e, assim, à la Lampeduza, oferecem mais do mesmo para afirmar sua estrutura de poder. Por isso, com base nos automóveis, o individualismo é o carro-chefe.

Num momento em que todos estamos diante de uma ameaça real à vida, com uma pandemia, em meio a tantos incêndios, nada melhor que tomar em conta um tema de interesse de todos, que ameaça a todos.

Nesses tempos de fim de mundo, nada melhor do que invocar algo que nos ofereça segurança: sustentabilidade. Uma nova revolução verde nos é oferecida, agora com a descarbonização da economia que, paradoxalmente, precifica o carbono e não vê a vida que está em cada árvore, em cada animal, em cada povo.

O que se busca, tomando o automóvel elétrico como referente da transição energética

vem recordar a ingênuos e crédulos tecnocratas que o problema radical da sustentabilidade não é apenas o da queima de combustíveis fósseis, mas sim da dinâmica depredadora do capital e suas conexões necessárias, geossociometabólicas, com o colonialismo, o racismo e o patriarcado. A lógica predatória do capital, de um mundo de poucos e para poucos, segue se reproduzindo, agora, no “novo mundo” (a conquistar) das “energias limpas” e a transição energética das grandes corporações. São elas, os novos/velhos conquistadores. Desde as cúpulas autocráticas de suas transnacionais, os poucos donos do mundo estão tomando o controle do “pós-fossilismo” e nos encaminhando à parte mais obscura de um largo beco sem saída” (Aráoz, 2021).

A sustentabilidade bem vale uma missa e, tal como Henrique IV, rei da França, convertamos os cidadãos ao novo credo! Hei-nos diante da insustentável leveza do ser sustentável!

Notas e referências

Carlos Walter Porto-Gonçalves é professor titular do Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal Fluminense.
Imagem em destaque: Fabricio Vinhas/Amazônia Latitude

 

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