Comunidades negras fizeram da relação com a Amazônia um contraponto à escravidão

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Oscar de La Torre e montagem com capa do livro The People of the River. Crédito: Fabricio Vinhas/Amazônia Latitude

Neste episódio do Amazônia Latitude Podcast conversamos com o professor Oscar de La Torre, da Universidade da Carolina do Norte, nos EUA. O pesquisador escreveu The People of the River: Nature and Identity in Black Amazonia, 1835–1945, sobre comunidades negras na Amazônia, a formação e as atividades políticas e culturais de mocambos e quilombos, além da sua relação com o ambiente.

Entre a observação dos processos de racismo ambiental, de protagonismo na luta pela terra e da falta de vontade política para garantir direitos entre comunidades tradicionais, de La Torre desenvolveu o conceito de crioulização ambiental.

A ideia consiste na junção de conhecimentos trazidos pelas pessoas de países da África que foram escravizadas com práticas e o ambiente na Amazônia, resultando em novos tipos de conhecimento e relação com o ambiente — incluindo a resistência contra modelos econômicos exploratórios.

Natural de Barcelona, Oscar de La Torre, hoje professor na Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, sabia que queria estudar América Latina. Durante sua formação, o pesquisador ficou sabendo que as comunidades negras na Amazônia, na região do Rio Trombetas, no Pará, mantinham uma intensa atividade social e política.

“Foi aí que decidi investigar mais o tema para esclarecer todos os buracos no conhecimento que ainda tínhamos: a história da economia da plantação lá, como foi a transição dos mocambos e senzalas para construir as comunidades negras que conhecemos no presente — esse tipo de pergunta que me fez interessado pela Amazônia”, diz Oscar.

Em muitas ocasiões, as populações tradicionais negras aparecem representadas em discursos que garantem direitos das “comunidades indígenas, quilombolas e ribeirinhas”. No entanto, é preciso evitar a compressão das culturas e grupos negros entre os outros segmentos de população tradicional no Brasil.

“Há diferenças: em termos de folclore, de discursos políticos, de mitos de origem. Práticas econômicas, por exemplo, o tipo de puxirum (mutirão). Muitas comunidades negras parecem trazer elementos africanos também, como o uso do aluá, essa bebida que é compartilhada com a áfrica ocidental etc.”.

O Amazônia Latitude Podcast é mais uma frente da nossa missão: fazer a ponte entre academia e sociedade. Ouça outros episódios aqui.

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