Amazônia em 5 minutos: podcast estreia no Dia Mundial do Meio Ambiente

problema ambiental

Cinco de junho de 2020, Dia Mundial do Meio Ambiente, está no ar ‘Amazônia em 5 minutos'”, anuncia a voz do locutor. É com entusiasmo que veiculamos, nesta data simbólica, o primeiro episódio do podcast semanal Amazônia em 5 minutos. Conduzido por Bob Barbosa e produzido pela Amazônia Latitude, o programa apresenta destaques das publicações da revista e dicas culturais em formato dinâmico e melódico, embalado por ritmos locais.

Na primeira edição, destaques do artigo “Ofensiva contra a floresta: uma pandemia incontrolável” e uma sugestão de músicas de Chico Malta para animar o fim da semana. O podcast é mais uma frente da missão da Amazônia Latitude: ampliar o debate crítico sobre a floresta e divulgar sua diversidade cultural, sua riqueza natural e seus dilemas. Está disponível no Soundcloud, no tocador acima aqui no site e no Spotify. Ouça, compartilhe e, se desejar, apoie nosso projeto.

Leia a transcrição completa abaixo:

Bob: Cinco de junho de 2020, Dia Mundial do Meio Ambiente, está no ar Amazônia em 5 minutos! Que traz, a partir desta semana, assuntos que estão no foco do site Amazônia Latitude para você ficar por dentro de pautas importantes no contexto sócia, ambiental e humano da região.

E também tem dicas musicais. A desta semana é Chico Malta. Um nome para você clicar no Google e procurar saber mais. Compositor e cantor das coisas do Tapajós, descendente dos munduruku e dos wai wai, Chico Malta tem dois álbuns disponíveis na internet, no site do produtor Fabio Cavalcante, anota esses nomes. Essa musica aí é “Curimbó”, na voz de Chico Malta e gravada com grupo de pau e corda de Alter do Chão, movimento de roda do curimbó.

Bob: Grande Chico Malta, um abraço, maninho. E agora sigamos com os fatos que selecionamos para você ouvinte do Amazônia em 5 minutos. O destaque desta semana do site Amazônia Latitude é o artigo “Ofensiva contra a floresta: uma pandemia incontrolável”, que aborda os golpes do governo Bolsonaro na política de proteção ambiental e que afeta principalmente a Amazônia e seus povos. Entre os retrocessos está a instrução normativa número 9, que exclui da base de dados do sistema de gestão fundiária as terras indígenas que não estejam no ultimo estágio de reconhecimento, facilitando assim a ocupação e a invasão não indígena nesses territórios.

Em abril, após uma grande operação de combate ao garimpo ilegal na Amazônia, dois dos principais pela fiscalização do Ibama foram exonerados de seus cargos pelo governo Bolsonaro. Coordenada por esses dois servidores públicos, a equipe do Ibama estava zerando o desmatamento na Terra Indígena Ituna Itatá, que vinha sendo invadida por não indígenas. Uma semana depois, a presidência da República, pelo decreto número 10.344, submeteu os órgãos e entidades públicas federais de proteção ambiental ao comando das Forças Armadas.

Deste modo, Ibama e ICMBio perdem seus poderes operacionais e passam a bater continência aos militares, que agora definem como e onde haverá fiscalização. No dia 12 de maio, foram extintas as 11 coordenações regionais do ICMBio. Em seu lugar, foram criadas apenas cinco. Na Amazônia ficou apenas uma. No ICMBio hoje, a presidência e os cargos de direção geral são ocupados por policiais militares de São Paulo.

O governo publicou, também em maio, o decreto número 10.347, que passa para o Ministério da Agricultura a definição e aprovação do Plano Anual de Outorga Florestal, excluindo corpo técnico do Ministério do Meio Ambiente. Essas cinco decisões do governo Bolsonaro foram tomadas em plena pandemia na Amazônia, e foram reforçadas pela fala do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, durante uma reunião ministerial.

Disse o ministro, abre aspas: nós temos a possibilidade, neste momento que a atenção da imprensa está voltada quase que exclusivamente para a Covid-19, e ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas. Fecha aspas. Uma versão contemporânea do fascismo de Mussolini: vai passando e pisando na Amazônia. Por outro lado, e segundo principais Institutos de pesquisa, 70% da população brasileira rejeita essa política de destruição que atinge, sobretudo, os povos indígenas, ribeirinhos, quilombolas, agricultores familiares e agroextrativistas que vivem na região. O artigo completo com essas informações e outras que também estão no site Amazônia Latitude foi escrito pelo professor e doutor em estudos culturais Marcos Colón, pelo procurador da República Luis de Camões Boaventura e pelo coordenador de residência médica do Hospital Regional em Santarém (PA), o médico Erik Jennings, que nos fala agora sobre os impactos da pandemia.

Erik Jennings: a letalidade da Covid-19 nas populações indígenas da Amazônia está sendo sempre duas vezes maior do que a da população em geral do Brasil. Se não houver reversão desses dados, estará caracterizado um genocídio. Como na Amazônia existem mais de 114 referências de povos isolados, e geralmente eles são em pequenos grupos e muito mais vulneráveis, nós corremos um grande risco de termos, além de genocídio, etnocídio. O grande problema é que, além da perda de vidas, essas populações indígenas estão perdendo seus idosos, que são fonte de saber, que são fonte de orgulho para as etnias, e que são referencial e uma identidade dessas populações. A perda, pra essas populações, de vida é muito mais impactante do que para nossa sociedade.

Bob: nossos irmãos munduruku Amâncio, Acelino, cacique Vicente, o Sassá, eletricista da energia solar, Rubão, fundador da oficina escola de luthieria da Amazônia, o padre Bruno Sechi… É à memoria dessa gente amazônida iluminada que dedicamos este programa. E, ao som de Cobra Grande, música do Chico Malta, desejamos a todos e todas muita coragem e disposição para seguir navegando.

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